25 setembro, 2007
Livro : L'Égoïste Romantique (Frédéric Beigbeder)
Beigbeder é um menino rico que começou na publicidade e que, de há uns anos para cá, se tem dedicado a escrever livros. Apesar de ser absolutamente odiado pela crítica francesa (acusam-no de ser uma cópia intencional do Brett Easton Ellis), tem um sucesso comercial assinalável, o que lhe granjeou fama suficiente para ter a sua própria emissão televisiva no Canal +. Não sei muito bem porquê, persisto em ler os livros dele...
A contracapa deste reza assim (normalmente as contracapas dos livros franceses não dizem nada sobre o livro, mas este é a excepção): "Esta história começa no ano 2000. Oscar Dufresne tem 34 anos. É um escritor fictício, assim como há doentes imaginários. Publica o seu diário na imprensa para que a sua vida se torne apaixonante. Ele é egoísta, cobarde, cínico e obcecado sexual - no fundo um homem como os outros.". Mas no fundo este tal Dufresne é apenas uma versão ligeiramente romanceada do próprio Beigbeder (ou do seu enorme ego), que acompanhamos durante cerca de 2 anos, enquanto percorre o mundo dos ricos e famosos a observar (e relatar) a clubização do mundo (a clubização é o que vem a seguir à globalização). Permanentemente em crise de meia idade (provavelmente já nasceu assim), Dufresne / Beigbeder não consegue alcançar a felicidade nem em casal, nem a acasalar.
O livro é bastante episódico, dado ter uma entrada para cada dia (um pouco como um blog), e que muitas vezes se resume a uma frase.
Estas entradas tanto podem ser do mais baixo nível possível:
"Sabem qual é a diferença entre uma mulher com o período e um terrorista? É que com o terrorista pode-se negociar."
Como serem pequenas pérolas de verdade existenciais (à La Palice):
"Procuro razões para me queixar, mas não as encontro. O que me fornece uma."
"Aprendemos com os nossos erros; é por isso que o sucesso nos torna idiotas."
Ou ainda ficarem algures no meio:
"Há uma justiça: as mulheres vêm-se com mais intensidade do que nós, mas mais raramente."
"Pénélope tem um telefone que vibra. Digo-me que seria uma boa ideia oferecer-lhe um vibrador que toque."
Apesar de ter terminado o livro com algum sentimento de vazio (no máximo pode-se entre ler uma crítica à fama), confesso que me diverti imenso. O cinismo absoluto, a cultura (é um rapaz nitidamente muito lido) e a patetice constante tornaram-me a personagem bastante simpática. Alguns rasgos de inspiração fazem-me continuar a acreditar que um dia Beigbeder há-de escrever um livro verdadeiramente bom, mas ainda não foi desta.
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4 comentários:
O Frédéric Beigbeder é uma espécie de Houellebecq de plasticina (a quem tenta imitar, sem sucesso). Li o "€ 14,99" (Ed. Presença) e esqueci-me dele no dia seguinte. Até hoje, claro.
Às vezes é bom ler umas coisas menos boas, para dar-mos mais valor àquelas que realmente interessam, não é verdade?
Este, para chegar ao nível do Houellebecq ainda tem de comer muita farinha amparo...
CC,
Estás igualzinho e deixa-me dizer-te que és muito fotogénico! Já pensaste em seguir uma carreira como modelo ?
Ervi, ainda à procura de polémica(s)
A misóginia deve ser sempre elogiada, estimulada, divulgada e apreciada.
Ervi, still haven´t found what I'm looking 4
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