16 maio, 2006

Disco : Gnarls Barkley - St. Elsewhere

Muito badalado nos media da estranja dado Crazy, o primeiro tema extraído deste àlbum, ter sido o 1º single apenas disponível para download a chegar ao topo da tabela de vendas da Grã-Bretanha, por cá a coisa parece estar a passar um pouco ao lado. Ainda não o consegui encontrar em lado nenhum para legalizar os meus mp3, e a imprensa também não me parece andar a dar o destaque merecido...

Sendo o novo projecto de Danger Mouse (o moço responsável pelo Grey Album - mash-up do White Album dos Beatles com o Black Album do Jay-Z - e produtor / co-autor de Demon Days - o 2º album dos Gorillaz) aqui acompanhado por Cee-Lo Green (Goodie Mob), este St. Elsewhere é daqueles discos que vai a muitos sitios em muito pouco tempo... A mistura de hip-hop, soul, gospel, pop e até rock (atente-se ao cover de Gone Daddy Gone dos Violente Femmes), em que a voz versátil de Cee-Lo funciona na perfeição, resulta num disco variado e que vai melhorando a cada audição.

Na realidade, eu até queria não gostar disto, dado o hype todo que por aí anda, mas à 3ª audição o tal do Crazy entrou, e o album, apesar de só estar à altura em mais 2 ou 3 pontos (Just a Thought e Boogie Monster), não tem uma única música fraca. A ouvir sem preconceitos... ( 4 / 5 )

05 maio, 2006

Discos : Rockoólicos Anónimos

Durante este último mês tenho andado a ouvir vários discos que se podem integrar no estilo "rock", mas que, na sua grande maioria, não me encantam o suficiente para merecerem um post autónomo. Não querendo de qualquer forma deixar de os referir (porque alguns têm qualidades redentoras), decidi juntá-los numa só levada... De qualquer forma, e mesmo com os altos e baixos desta lista, se houve-se algum dia de festival com este alinhamento eu estava lá caído de certeza...

Os Pré-Dinossauros


Pearl Jam - Pearl Jam

Quando Ten, o primeiro disco da banda saiu em 1991 (há 15 anos) fartei-me de fazer publicidade, mesmo antes de se tornar no fenómeno que foi. Hoje quando oiço o disco ainda gosto, mas parece-me um bocadinho velho, à semelhança de grande parte das bandas com som muito grunge... Com tanto sucesso confesso que decidi ignorar os 3 discos seguintes (Vs. de 1993, Vitalogy de 1994 e No Code de 1996) e só voltei a acompanhar os Pearl Jam quando atingiram alguma maturidade com o Yield de 1998. Com este disco tentam recuperar um bocado a atitude 100% rockeira das origens, adicionando uma pitada de contestação (isto teoricamente, porque confesso só perceber para aí 1% daquilo que o Eddie Vedder canta). Apesar de a coisa ficar longe de má, os temas são todos demasiado parecidos e cantados da mesma forma, causando algum cansaço antes mesmo de chegar ao final... ( 3 / 5 )


Red Hot Chili Peppers - Stadium Arcadium

Confesso que sigo o trabalho dos RHCP desde os dias de Blood Sugar Sex Magic (1991 - como o Ten dos PJ). Como todas as "carreiras" tem tido altos e baixos. Confesso também ficado totalmente atónito ao ouvir pela 1ª vez o single de estreia deste disco - um tal de Dani California - tal era a simplificação e estupidificação do som RHCP e a coisa não melhorou com as audições subsequentes. Este disco tem faixas bastante melhores, em que o baixo do Flea e a guitarra do John Frusciante voltam a vencer e em pontos o trabalho vocal de equipa (para não lhe chamar coiro) também funciona muito bem. Mas com um total de 28 faixas a palha é mais que muita e honestamente não tenho pachorra. Só de pensar que os rapazes queriam fazer um triplo até fico arrepiado. Não me admiraria nada se no próximo album a banda passa-se a ser uma cena de desenhos animados estilo Gorillaz, tal é a forma como se estão a transformar em cartoons deles próprios. Desconto ainda mais 1/2 ponto por se terem vindo armar em coitadinhos quando souberam que o disco já girava na net. ( 2 / 5 )



O Difícil 2º Disco


Secret Machines - Ten Silver Drops

No verão de 2004 fartei-me de ouvir o primeiro àlbum desta banda para uma major: Now Here Is Nowhere. Conseguiam juntar de forma brilhante o melhor pop/rock indie com o rock progressivo e com aquele som de bateria cheio a fazer lembrar os Led Zep dos tempos aureos. Para o 2º disco parecem ter decidido ser ambiciosos comercialmente, da mesma forma que os Coldplay diziam que queriam ser "a melhor banda do mundo" quando lançaram X&Y. Resumindo, e tirando um ou dois momentos de excepção (Alone, Jealous and Stoned e Daddy's in the Doldrums), entram naquela veia calculista de épicos de estádio que os U2 modernos tanto gostam e tornam-se bastante monótonos e chatos... Vamos lá a ver se se redimem ao 3º disco... ( 2,5 / 5 )


The Stills - Without Feathers

Mais uma banda com um excelente 1º àlbum (Logic Will Break Your Heart de 2003), que decide tomar um caminho diferente para o segundo. Aqui a coisa não corre tão mal, porque a mudança não parece ser feita com intenções comerciais, mas ao trocarem as influências dos anos 80 (Joy Div e Echo) por outras dos 70 (Bowie/Ziggy, Kinks), perdem um bocado a identidade. O disco começa e acaba bastante bem, mas pelo meio a coisa é muito previsível e chata. Mais um para comprovar à 3ª... ( 3 / 5 )



O Projecto Paralelo com os Amigos


The Raconteurs - Broken Boy Soldiers

De férias (esperemos) dos White Stripes, Jack White decide dar uma mãozinha ao seu amigo Brendan Benson e criar uma nova banda. Como é habito em White, precede o àlbum com um single brilhante (Steady, As She Goes) a misturar pop e rock para agradar ao maior número de pessoas possível, mas enquanto que normalmente nos Stripes fica no mínimo ao nível das expectativas, aqui não se pode dizer o mesmo. O disco é uma nítida homenagem ao "classic rock" dos anos 70, o que por vezes funciona bem (quando se aproximam dos Led Zep) e por vezes bastante mal (quando se aproximam dos Black Sabbath). Por outro lado parece que as faixas com som mais White são as melhores. Aquelas em que não o reconhecemos, e que provavelmente serão (mais) da autoria de Benson, deixam-me completamente indiferente, o que aliás já acontecia com o àlbum a solo que ouvi dele (The Alternative to Love de 2005). Por agora comprem o single e oiçam o que vier a seguir... Também me parece que isto deve funcionar bastante melhor ao vivo, mas acho que não têm visita prevista por estas partes. ( 3 / 5 )



O Rock com Companhia


Gomez - How We Operate

Os Gomez são uma das minhas bandas favoritas, mas tendem a ser bastante ignorados por razões que não percebo. É como se ao terem ganho o Mercury ao primeiro disco (Bring it On de 1998), este ser obrigatoriamente o ponto mais alto da sua carreira, não valendo portanto a pena seguir o que daí para a frente viesse (necessariamente inferior). Mas o facto é que tal não ser verifica, e que os Gomez conseguem ser uma das bandas mais consistentes que ouvi até hoje: gosto de todos os discos que fizeram, sem conseguir identificar um favorito. Este How We Operate não é excepção, apesar de à primeira audição parecer ligeiramente inferior (leia-se "mais fácil") provavelmente devido à produção limpinha de Gil Norton, com um pouco de insistência verifica-se mais um lote de excelentes canções pop/rock (com laivos de folk e blues), muito bem cantadas e tocadas. É verdade que não trás nada de novo (é por esse motivo que não teve direito a análise isolada), mas é o som de uma banda livre, a fazer o som que quer, e é o único disco para o qual recomendo a compra sem reservas. ( 4 / 5 )


The Twilight Singers - Powder Burns

Desde os tempos em que estava nos Afghan Whigs (mais uma das minhas bandas preferidas, também muito injustamente ignorada) que tenho uma enorme admiração por Greg Dulli. Não sendo propriamente um génio, é um artista extremamente honesto e que faz música com sentimento real, o que compensa o facto de ter uma das vozes mais desafinadas da história do rock (admito ser um gosto adquirido)... Os Twilight Singers são o início de uma segunda carreira para Dulli após o fim dos referidos Whigs, aqui trabalhando com um conjunto variável de músicos e não com uma banda fixa, e mantendo um pouco a intenção de misturar o rock com a soul. Recomendo vivamente a quem ainda não conheçe o àlbum Blackberry Belle de 2003, o qual se encontra ao nível do melhor trabalho de Dulli, mas este é um bocadinho mais fraco. Gravado em New Orleans (onde Dulli vive há anos) no Outono passado, contou com a ajuda de gente interessante como Ani Difranco, mas o resultado final é demasiado desiquilibrado para ser totalmente recomendável, salvando-se apenas umas quantas canções (entre as quais Bonnie Brae - o single de estreia). Resumindo, apenas para fãs incondicionais, e infelizmente não conheço mais nenhum... ( 3 / 5 )



Enfim... Como podem ver o panorama não anda brilhante... Ou então sou eu que a aproximar-me dos 40 começo finalmente a deixar de gostar de rock... Se calhar já estou quase no ponto para começar a escrever para o Expresso...