10 outubro, 2007

Livro : 69 (Ryu Murakami)



"É o ano! É o ano! Não é nada do que estás a pensar..." disse eu a um colega meu de longa data que me encontrou na rua à hora de almoço com este livro debaixo do braço (importa notar que é meu hábito passear livros pela rua à hora de almoço - às vezes até os leio ao mesmo tempo e tudo - e que também é hábito deste meu amigo - outro amante de livros - espiolhar o que eu ando a ler). Na realidade não sei porque o disse, dado que não teria vergonha nenhuma de andar com um livro que aludice a essa famosa posição sexual, muito menos à frente de uma pessoa que me conhece tão bem, e que sabe que tenho gostos "desalinhados". Mas prontos, já sabem que é o ano...

Este é mais um livro do "outro Murakami" (há quem diga que este é o Batman para o Super-Homem do Haruki) de quem já tinha falado aqui e aqui, e que vem demonstrar que o autor tem flexibilidade para muito mais do que o género de thriller hiperviolento e sanguinário a que as duas obras anteriormente referidas pertencem.

Provavelmente bastante autobiográfico, o livro acompanha um conjunto de finalistas de liceu numa pequena cidade recondita do Japão durante o ano de 1969 (surprise!), e mostra o efeito que as manifestações de estudantes dessa época em Paris e em Tóquio têm sobre as suas vidas. Muito bem escrito e a reflectir em iguais doses o humor, o cinismo e a irreverência da sua personagem principal, é um livro acessível e inteligente ao mesmo tempo, que dificilmente deixará alguém indiferente...

3 comentários:

Ervi Mendel disse...

69? Gostos "desalinhados"? o Mú Na Kama tem flexibilidade para muito mais?

Enterra-te à vontade, mas não desgraces o bom nome dos colaboradores!!!

Ervi, o dos gostos "mainstream"

Anónimo disse...

Depois de ter "devorado" "Kafka à Beira-Mar" e " Crónica do Pássaro de Corda" do Haruki, acho que vou seguir a tua dica e conhecer a escrita do Ryu.

Bruno Taborda disse...

Pois acho que fazes muito bem! Infelizmente (e tanto quanto consegui apurar) não há nada traduzido para Português... Vais ter de ir pela versão inglesa (a não ser que saibas Japonês, claro).