Ando particularmente irritado com a cobertura da imprensa em geral a este disco. A gota que fez transbordar a cerveja da caneca, foi a "critica" de um tal João Lisboa, que o Expresso publicou este fim-de-semana no caderno Actual, em que dedicou 3/4 do texto a tentar provar o insucesso desta tentativa de mandar as editoras às urtigas (para os distraidos há detalhes aqui e aqui), e o restante quarto a mandar abaixo o disco. Não quero perder muito tempo a explicar o óbvio, mas quero esclarecer o seguinte:
a) Os Radiohead não decidiram fazer este lançamento para lixar as editoras, mas sim para fazer a música chegar a uma legião de fãs sedentos (na qual me incluo) o mais depressa possível;
b) Tal como gostam de experimentar musicalmente, faz todo o sentido que também experimentem em termos de distribuição;
c) Curiosamente, e considerando a oferta média de 5€ por download, devem ter ganho 10 vezes mais por cada cópia vendida;
Fosse eu um pouco mais paranóico e era capaz de acreditar numa cabala da Industria Discográfica (Amen!) à banda, tal tem sido a recepção da impressa clássica ao disco. Tal como as editoras, diria que estes senhores também têm os dias contados...
Depois de fazerem um álbum considerado por quase toda a gente como o melhor dos anos '90 (e mais além!), seguido de três com alguma da música mais experimental e inventiva do século XXI, a banda volta a um som mais linear e mais acessível. Não acessível no sentido de ficar a bater o pé e a cantar o refrão... Afinal este é um disco dos Radiohead, e os refrões estão mais ou menos proibidos. A Pitchfork (para não variar) escolheu o termo perfeito ao chamar-lhe user friendly. Não é um disco imediato, mas é imediatamente viciante, e dá vontade de voltar a ouvir mal acaba. É como se tivessem absorvido toda a experimentação no seu som original...
Ouve-se o disco e torna-se perfeitamente claro que estamos a ouvir cinco músicos no topo da sua criatividade a fazerem o que lhes apetece, sem qualquer espécie de pressão, e a divertirem-se! Enquanto os álbuns anteriores tinham tendência a ser claustrofóbicos e transpiravam paranóia, deste desprende-se uma aura de calma e de conforto.
Pode não ser o melhor disco deles - esse espero que ainda esteja no futuro - pode também não ser um espanto de inovação, mas é certamente um exemplo de excelência a todos os níveis. Ainda hoje, à vigésima audição (ou próximo disso) me arrepio várias vezes ao longo do disco (mas infalivelmente com Weird Fishes / Arpeggi e Reckoner). Vão buscar... ( 4,5 / 5 )
Fosse eu um pouco mais paranóico e era capaz de acreditar numa cabala da Industria Discográfica (Amen!) à banda, tal tem sido a recepção da impressa clássica ao disco. Tal como as editoras, diria que estes senhores também têm os dias contados...
Depois de fazerem um álbum considerado por quase toda a gente como o melhor dos anos '90 (e mais além!), seguido de três com alguma da música mais experimental e inventiva do século XXI, a banda volta a um som mais linear e mais acessível. Não acessível no sentido de ficar a bater o pé e a cantar o refrão... Afinal este é um disco dos Radiohead, e os refrões estão mais ou menos proibidos. A Pitchfork (para não variar) escolheu o termo perfeito ao chamar-lhe user friendly. Não é um disco imediato, mas é imediatamente viciante, e dá vontade de voltar a ouvir mal acaba. É como se tivessem absorvido toda a experimentação no seu som original...
Ouve-se o disco e torna-se perfeitamente claro que estamos a ouvir cinco músicos no topo da sua criatividade a fazerem o que lhes apetece, sem qualquer espécie de pressão, e a divertirem-se! Enquanto os álbuns anteriores tinham tendência a ser claustrofóbicos e transpiravam paranóia, deste desprende-se uma aura de calma e de conforto.
Pode não ser o melhor disco deles - esse espero que ainda esteja no futuro - pode também não ser um espanto de inovação, mas é certamente um exemplo de excelência a todos os níveis. Ainda hoje, à vigésima audição (ou próximo disso) me arrepio várias vezes ao longo do disco (mas infalivelmente com Weird Fishes / Arpeggi e Reckoner). Vão buscar... ( 4,5 / 5 )
3 comentários:
A falta de otorrinos de qualidade em Portugal é um assunto que me preocupa há muito.
Isso e alguém ligar às críticas do Expresso em 2007...
Ervi
PS: corrige as urtigas, please!!!
confesso que já não leio criticas de som faz algum tempo...lá vai o tempo fascinada com o lançamento da UM. É uma pena na minha pessoa.
Já ouvi falar deste album, mas não ao ponto das divergencias das editoras e bla blas...acho que afinal, estamos aqui nós, amantes de musica e de radiohead para deixar isso para quem precebe e deixar-nos fascinar por novos sons. fiquei curiosa deste albúm depois da tua descrição.
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Brunex..
Conheces um bocado da minha vida e por aquilo que passei com editoras, managers e agências.
Nunca fui fã dos RH, mas não desgosto.
O que eles fizeram é um crime!
UM CRIME!
Um crime contra a indústria discográfica que durante décadas violou e roubou todos os direitos dos artistas que eram a matéria prima da sua existência, que se encheram de massa ao contrário dos coitados que criavam, que ainda dá a esse gajo chamado Tózé Brító uma limusine diariamente com chauffeur porque o menino não sabe guiar, porque dava no máximo 10% aos artistas sobre o preço de armazém (50% do preço real da venda do cd no escaparate), etc e etc e etc para não ser chato.
Mas o que me desatina mesmo é que os Duran Duran (sim, esses gajos que tu abominas) foram os pioneiros a fazer isto (há 10 anos) e o Prince há pouco tempo.
Há que tb ver bem as coisas.
Mas concordo com os RH. Ganharam muito mais do que com qq assinatura discográfica.
O problema são todos os outros que não se chamam RH e só querem mesmo é ser músicos.
Não têm cheta nem nunca terão. e a música esvai-se por entre rendas e alugueres mensais....
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