Como a grande maioria dos seus leitores regulares, descobri o Sr. Tavares quando da publicação do muito merecidamente muito premiado Jerusalém. Desde então tenho andado a seguir o seu trabalho para trás e para a frente, mas ainda não consegui ler tudo, dado ser muito prolifero - começou a ser editado em 2001 e actualmente já conta com perto de 20 obras. Apesar de gostar mais de umas coisas e menos de outras, posso afirmar sem qualquer sombra de dúvida que este, é o meu autor Português favorito.
Este é o último volume da tetralogia O Reino, cujos anteriores volumes foram Um homem: Klaus Klump, A máquina de Joseph Walser e o já referido Jerusalém. Pessoalmente é nesta tetralogia que o autor deu o seu melhor (até ao momento), apesar de a colecção O Bairro, também ter alguns volumes muito bons. Mas não se assustem porque podem ler qualquer um dos quatro livros isoladamente porque a continuidade é essencialmente temática (apesar de uma ou outra fugaz aparição de personagens de outros livros).
Contando a história da vida de um certo Lenz Buchmann, um médico de profissão que decide enveredar pela política a dada altura, é a viagem pela psique de um homem frio, calculista e talvez mesmo inumano, bastante representativo de uma certa estirpe de homem actual, normalmente associado a posições de poder. Como já é hábito nesta série de Tavares (ou não fossem estes livros negros), o pessimismo na raça humana é uma constante, e quanto à esperança, esta parece nem sequer chegar a nascer. A escrita continua com o mesmo estilo clássico e fluido dos livros anteriores, e é com uma precisão quase matemática que o autor nos faz por momentos acreditar que a filosofia e a psicologia são ciências exactas.
Tavares fecha assim a sua tetralogia em perfeito crescendo. Mas não pensem que, lá por ser um autor Português, desta vez o livro é fácil de encontrar. Saiu há uns 15 dias, mas desde de Domingo que ando à procura de umas cópias para oferecer sem qualquer sucesso. As 5000 cópias desta 1ª edição foram claramente insuficientes para o êxito que o autor começa a ter...
4 comentários:
Fónix! Não me dês merdas portuguesas para o Natal! ;)
Ervi, preocupado
Bom post. O Gonçalo Tavares é um grande, grande escritor.
Atenção, Ervi. O homem é português, mas não se nota. Mas que dignifica - e muito - a língua de Margarida Rebelo Pinto, é bem verdade.
Ervi : Dá-me ideias, dá-me...
CC : Não ligues às bocas do Ervi (vozes de burro e tal). Ele confessou que só lê um livro por ano e, este ano, foram as memórias da Jenna Jameson...
Com o hype todo criado à volta de Tavares com o seu mais recente prémio, Portugal Telecom, decidi espreitar a obra so sr... Estou a meio do Jerusalém e estou a gostar muito da escrita directa, e sem floreados, do autor.Parece ser uma voz verdadeiramente original no panorma português.
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