Sigo muito afincadamente a produção deste William Gibson. Não li todos os seus livros, mas desde 1988 que não falho um. Não é que isso seja algo de particularmente admirável, dado que desde esse ano só publicou 7 livros. Apesar de ser genericamente considerado um autor de Ficção Cientifica, para mim Gibson é muito mais do que isso. É um excelente observador / critico do mundo em que vive, o que lhe permite imaginar (muitas vezes com tons preditivos) os nossos possíveis futuros. Não é por isso de estranhar que com o passar dos anos se venha a aproximar do presente. Os seus livros vêm normalmente recheados de ideias absolutamente originais, e a sua escrita é também única. Tem a particularidade de escrever de uma forma que, ao início de cada livro, me obriga a fazer um shift ao meu cerebro, como se estivesse a ler uma outra linguagem.
Este Spook Country é uma especie de livro de espionagem, com personagens übercool (como é hábito) e com muita tecnologia de ponta passado nos nossos dias. Gibson aproveita claramente para preencher uma lacuna tecnológica que não tinha anteriormente previsto: o advento da generalização do wireless, e imagina uma nova forma de arte em que a realidade virtual se mistura com a real, através de um visor receptor de sinais GPRS. Também como é habito, Gibson faz-nos seguir várias linhas narrativas paralelas, à procura de pontos comuns, e junta tudo brilhantemente no fim.
Pessoalmente (e em contraponto às criticas que li) achei-o o seu livro mais convencional (no sentido em que se aproxima de um thriller de aeroporto), mas, paradoxalmente é capaz de ser o que tem um final mais satisfatório (normalmente os seus finais tendem a saber a pouco). Para iniciantes recomendo bastante mais o anterior (Pattern Recognition), mas para quem sabe ao que vai, é sem dúvida a não perder...
4 comentários:
Não deveria ser Spock?
São posts como este que fazem do Contra Cultura (e não "CC", como erroneamente escrevem) um blog que vale a pena seguir com atenção.
(Também há outros posts interessantezinhos, sim senhoras.)
Xá: O Spock não é o teu cão?
CC II: Obrigado! Sabe sempre bem ver reconhecido o facto de me esforçar muito mais do que os meus co-tralálá!
Nerds talk, bullshit walks
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