13 dezembro, 2005

Disco : The Strokes - First Impressions of Earth


Quando os The Strokes lançaram Is This It? em 2001, já estavam completamente recheados do hype tradicional da imprensa (principalmente) Inglesa. Este primeiro disco misturava algum rock tradicional, com um pouco de new wave e com as guitarras distorcidas dos Velvet Underground, acrescendo ainda vocais tão distantes que até parecia que o vocalista estava mais para lá do que para cá. O sucesso seguiu e no final do ano lá estava o disco em todas as listas dos melhores do ano... inclusivé na minha! A coisa pegou e surgiram outras bandas (igualmente boas e em alguns casos melhores) como os Interpol e os Franz Ferdinand, com uma sensibilidade rock / new wave semelhante.

Infelizmente ao segundo álbum a coisa não correu lá muito bem, e a banda parecia estar basicamente a repetir o primeiro, mas sem o efeito novidade e com muito pouca energia . Julian Casablancas - o vocalista - ainda mais do que distante, parecia estar a dormir durante a gravação do disco. Pessoalmente já via a banda mais ou menos enterrada, mais uma "One Album Wonder" a ficar pelo caminho da música. Ou será que não?

Para o terceiro álbum a banda teve nitidamente em linha de conta o flop do segundo, e anunciou uma "nova direcção". Essencialmente dobraram a energia, e não se pouparam a mostrar as influências. Aliás, mostram tanto essas influências que quase que pareçe que estamos perante uma compilação de rock: You Only Live Once começa com os acordes do I Want to Break Free dos Queen e transforma-se numa versão bastante bebida e suja dos U2; Heart in a Cage parece Iggy Pop vintage; On The Other Side soa a Blondie; Vision of Division está cheio de rifs maniacos estilo Muse; Electricityscape tem qualquer coisa de Smiths; 15 Minutes é a melhor imitação de Shane McGowan que já ouvi até hoje... Curiosamente a coisa consegue manter a unidade e a identidade da banda. O resto do álbum está mais próximo da sonoridade normal da banda, com destaque muito especial para o 1º single Juicebox que é excelente e que não me faz lembrar nada que tenha ouvido até hoje (e já ouvi muita coisa), e Ask Me Anything a única música calma do disco a marcar o seu centro com beleza.

Os vocais de Casablancas, apesar de se manterem distorcidos, estão muito menos distantes, e até se atreve a cantar como deve de ser em algumas partes. A banda parece ter evoluído imenso e tocam todos em grande forma, com o destaque inevitável para a bela da guitarrada. Enfim, um daqueles discos de rock que fazem uma pessoa sentir-se bem disposta e com energia, e provavelmente o melhor disco da banda - só o tempo o confirmará. À venda a partir de 3 de Janeiro (pelo menos nos países civilizados). (4 1/2 / 5)

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