24 fevereiro, 2008

Disco : The Kills - Midnight Boom

Tinha algum receio que este terceiro álbum da banda me viesse a desiludir. Afinal de contas quantas permutações são possíveis com o trinómio guitarra / caixa de ritmos / voz que o duo utiliza? E a notícia de que Hotel (ou Jamie Hince - o homem da guitarra) teria encetado uma relação com a Kate Moss (esta mulher colecciona músicos?), também me deixou algo desconfiado... Mas o facto é que os Kills continuam a fazer os seus punk blues mutantes e raivosos como mais ninguém faz.

Este disco está mais produzido, o que quer dizer que se afasta um pouco da estética lofi dos anteriores (apesar de manter o seu mean dirty side), mas neste caso isso parece-me bastante positivo: as musicas ganham em detalhe e complexidade pela introdução de tambores e palmas, e a voz de VV (ou Alison Mosshart) parece agora mais arrojada. Também se conseguiram afastar significativamente das suas influências principais (Velvet Underground para ele e PJ Harvey para ela), ganhando em identidade própria. Resultado: é o primeiro disco de 2008 que foi capaz de me viciar até ao momento, mesmo apesar de me parecer que perde um pouco de gás no terço final. ( 4 / 5 )

Aproveito ainda para vos recomendar a comparência no concerto que têm marcado para 12 de Abril na Casa da Música, e deixo-vos o video de Cheap and Cheerfull...

BT 5 : How cute can you be?


O facto de praticamente só eu ter fotos dos meus co-tralalas coloca-me numa posição de vantagem em que me permite escolher as imagens que me possam fazer parecer melhor do que eles.

Mesmo assim é difícil e tenho de recorrer a golpes baixos como publicar esta foto de quando tinha 5 anos. Depois de passar 3 horas no meu arquivo fotográfico, é mesmo a única em me vejo irresistível, apesar de ser num estilo algo puss in boots... Sei que o Ervi tem algumas armas de destruição maciça em seu poder, por isso tenho que aproveitar antes de ele retaliar...

22 fevereiro, 2008

LR 18 : Videogame Monkey Nerd

A pedido de várias famílias, coloco aqui a primeira fotografia que tenho do muito misterioso LR. Os 16 são aproximativos porque se não estou em erro foi a idade com que recebi a minha primeira máquina fotográfica (uma Pentax K1000 que ainda preservo religiosamente). O local é o meu quarto em casa dos meus pais. O braço penso que é do Ilharco que era um amigo comum que não vejo há mais de 20 anos. A T-Shirt era o "pride and honour" do moçoilo e tinha sido ganha a escrever uma carta para um senhor chamado Gordo Greatbelly que era editor de uma revista chamada Computer and Video Games (C+VG para os amigos).

Penso que acertei nos factos todos, mas se não for esse o caso, tenho a certeza que "alguém" me irá corrigir...

De onde esta veio há mais (e então do Ervi, nem se fala). Mas se as quiserem ver têm de fazer o número de comentários exceder os 20...

P.S. - Afinal é aos 18 e o senhor da revista não se chamava Gordo Greatbelly, mas sim Keith Campbell...

19 fevereiro, 2008

Ervi 40 : Destes já não escapas

Parabéns, pá! Estive à espera até à pouco para ver se a tua querida LR te retribuia o galhardete do dia 22 de Janeiro, mas como tal não aconteceu, cabe-me a mim esta manifestação publica de afecto. As serpentinas vão pelo correio...

Para quem não conhece a peça, há uns 22 anos era assim. Já perdeu completamente o ar de menina, mas como sabem, continua irreverente q.b., e obcecado com o seu órgão genital...

PS - Como não te pedi autorização para publicar esta foto, se quiseres que ponha uma venda nos olhos para não te reconhecerem (se bem que não me parece possível) é só dizeres...

15 fevereiro, 2008

Discos : Restos de Colecção

Como Janeiro é sempre um mês de desespero em termos de novos lançamentos, passei o mês a ouvir alguns discos do final de 2007 que não queria deixar de recomendar. Aqui vão eles...

Holy Fuck - LP

Já não me lembro como descobri estes moços, mas só o nome e saber que não eram heavy /death / whatever metal foi suficiente para ficar curioso. Compostos por 5 mânfios Canadianos têm um mission statement muito simples: "Find something in the trash... plug it in". No fundo fazem aquilo a que se chama "Música Electrónica Moderna" sem recorrer a nenhum dos instrumentos nem nenhuma das técnicas que esta utiliza. O resultado é uma electrónica orgânica, não muito distante de LCD Soundsystem, mas sem vocais, ritmos mais agressivos e mais experimental, no sentido em que fogem ainda mais à estrutura normal da canção e que utilizam qualquer objecto como instrumento. E de certeza que não há ninguém que prefira uma caixa de ritmos a dois bateristas (sim dois) de carne e osso e em simultâneo! Nos seus melhores momentos (e há desses em quase todas as faixas deste disco) fazem-me sempre pensar: "Holy Fuck! Estes gajos percebem mesmo disto". Um nome bem escolhido portanto... ( 4,5 / 5 )

Aqui fica o video de Milkshake.



The Wombats - A Guide to Love, Loss & Desperation


Este trio de Liverpool, prossegue uma linha já longa de bandas pop Inglesas com sensibilidade punk e com uma considerável dose de humor sardónico à mistura. A maioria dos precedentes não inspiram confiança e confesso que eu mesmo me sinto muito desconfiado em relação ao futuro destes. No entanto, o facto é que não consigo parar de ouvir (e trautear) uma data de faixas do álbum: o inevitável Let's Dance to Joy Division (têm o video mais abaixo), Moving to New York, Little Miss Pipedream (a fazer lembrar os saudosos Hefner), Patricia the Stripper, etc. Ou seja: gosto muito de metade do disco, o resto ouve-se com agrado apesar de alguns momentos mais óbvios ou a roçar o British Pimba. Por agora divertem-me. Vamos a ver se algum dia me surpreenderão... ( 3,5 / 5 )





Saul Williams - The Inevitable Rise and Liberation of Niggy Tardust

Uma excelente surpresa produzida e co-escrita pelo Trent Reznor (dos NIN), este foi disco lançado de forma exclusivamente electrónica como o In Rainbows dos Radiohead mas com uma pequena diferença: o "cliente" podia optar entre o download gratuito com qualidade média, ou pagar 5 USD por uma versão de alta qualidade. Williams começou por ser um poeta de tonalidade politicamente agressiva, e tornou-se depois um MC. Mas em contra corrente com o Hip Hop mais tradicional, nunca se preocupou com rimas e ritmos, aproximando-se mais do spoken word. Já nos seus discos anteriores demonstrava uma apetência considerável para usar o rock para aumentar o impacto dos seus textos, e após fazer algumas primeiras partes para os NIN, as duas mentes juntaram-se para produzir isto. Não é um disco fácil, mas tem momentos suficientemente acessíveis para não se desistir. É extremamente variado, a fazer lembrar tanto Public Enemy, como Jimi Hendrix, como (inevitavelmente) os NIN. Williams também se revela um vocalista muito versátil a imprimir tonalidades soul quando quer, a gritar de raiva quando lhe apetece, e simplesmente a declamar no momento seguinte. A descobrir... ( 4 / 5 )

E acabo com o vídeo da versão de Sunday Bloody Sunday dos U2 presente neste álbum. Acho que os originais são bastante mais interessantes, mas foi a única coisa que consegui encontrar...



Treze Ideal Para Nos Salvar do Nacional Socialismo Albicastrense (Parte II)














10 fevereiro, 2008

Disco : Vampire Weekend - Vampire Weekend

A comunidade indie da internet anda toda ao rubro com esta banda: 8.8 na Pitchfork, 8/10 na Drowned in Sound, só poderia ficar cheio de curiosidade para ver a razão de tanto furor. Os Vampire Weekend são 4 meninos ricos e limpinhos de Nova Iorque que só por esse motivo são imediatamente comparados com os Strokes. A música que fazem é essencialmente pop, apesar de o ritmo da guitarra me fazer lembrar os referidos Strokes, sem que consiga identificar muito bem porquê. Ao pop juntam-se uns pózinhos de música africana (mais Paul Simon do que Talking Heads, apesar de os vocais fazerem lembrar por vezes o Byrne), e um pouco de chamber nos teclados e em alguns arranjos. Pelos vistos é a receita para o sucesso instantâneo...

O buzz todo que geraram parece-me um pouco exagerado, mas o facto é que estes tempos andam parcos em novos lançamentos, e a malta precisa de qualquer coisa nova para encher os iPods. Mas não deixo de sentir uma grande simpatia pelos rapazes, acima de tudo porque tocam a sua música com uma convicção e com um a vontade que parece faltar a grande parte das bandas novas nos nossos dias. E depois são tão novinhos que têm carradas de potencial pela frente. Vamos a ver se ficam por aqui ou se se tornam um caso sério. ( 4 / 5 )

Como os dois vídeos oficiais existentes até à data são muito pobres, deixo-vos uma sessão de estúdio da MTV2 de Oxford Comma, a minha música favorita do disco (pelo menos a esta data).

BD : De Espanha...

Aproveitei a minha viagem a Madrid para investigar a secção de BD da FNAC à procura de novos talentos Espanhóis. Estes 3 foram o que de melhor aspecto por lá vi, e apresento-os pela ordem em que os li...

Arrugas
Paco Roca

Este é o único autor que já conhecia, graças a uma obra sua anterior intitulada El Juego Lugubre. Natural de Valência, este é o quinto álbum do autor, que nos coloca na vida de Emílio, um velhote com os primeiros sintomas da doença de Alzheimer, no dia em que chega a um lar da terceira idade. Dada a temática o livro é uma obra essencialmente humanista, recheado de pequenos episódios das vidas já longas dos seus personagens, e que nos deixa a reflectir sobre o que nos espera no nosso futuro. Quanto à arte, o traço é limpo e muito expressivo, apesar de Roca parecer ainda andar à procura do seu estilo próprio, ou de pelo menos se soltar um pouco mais para se tornar mais natural. Vale bem a pena o trajecto e também está editado em França na colecção Mirages da Delcourt sob o título Rides.

Psico Soda
Carlos Vermut


Este era o título para o qual tinha as maiores expectativas, dado parecer o mais original em temática e desenho. No entanto a realidade é que foi o que menos gostei... Composto por 13 histórias curtas em tom sinistro e macabro, realizadas entre 2006 e 2007 e publicadas em diversas publicações da especialidade, o livro é muito pouco consistente, brilhando apenas uma ou duas passagens: destacando-se a série Doble Sesion em que autor mistura dois estilos de cinema numa única história (o peplum com o western por exemplo). Tal como na minha primeira impressão, o desenho de facto é bastante original, mas em termos de storytelling também apresenta bastantes falhas. Não posso recomendar com grande convicção, mas Vermut é um autor muito jovem que ainda poderá vir a evoluir para bastante melhor. Pelo menos demonstra talento e originalidade para isso.


Vidas a Contraluz
Raule & Roger

Recolha de dois comics de histórias curtas editados pelos autores (Amores Muertos e Cabos Sueltos), documenta de forma muito simples o imenso talento que estes senhores têm. Na primeira parte temos 4 histórias de personagens a encontrarem os fantasmas das suas amadas, a segunda metade é mais variada, com pequenos retratos da vida de todos os dias e pequenas deambulações por temáticas mais diversas como a Guerra Civil Espanhola. Estas curtas funcionam tão bem como um bom blues na forma como num curto espaço de tempo e com meios mínimos nos conseguem empatizar com a dor dos seus protagonistas. A arte de Roger não sendo muito original, é muito estilizada e perfeita para os ambientes que tentam criar. Já com um projecto de 3 álbuns em curso (Jazz Maynard) editado simultaneamente em Espanha e França, parece-me que estes jovens ainda vão dar muito que falar. Foi sem dúvida a melhor surpresa deste pequeno lote.

08 fevereiro, 2008

Dia de São Nunca À Tarde

Nunca pensei que chegaria o dia em que os Queen seriam capa do Blitz. Muito menos num número com artigos extensos sobre bandas menores da moda contemporânea como são os Radiohead e os Arcade Fire. Até os Mão Morta teriam sido uma escolha de capa mais coerente. Mas não, o mundo mudou, morrer é sempre um bom golpe de marketing e agora os Queen são os máiores, até para a crítica. Mas eu não mudei, levo 25 anos de amor à causa e lembro-me bem de todos vós, seus palhaços de merda, jornalistas da farinha amparo, críticos de meia-tigela. Felizmente que sou só eu pois o resto da humanidade só recorda mesmo os quatro magníficos, que é como deve de ser!

05 fevereiro, 2008

Space: 2008

Morreu hoje o actor Barry Morse. Para quem não saiba, interpretou a personagem do Professor Victor Bergman (à direita na foto). E leva com ele um bocado precioso da minha infância...