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A génese de tudo isto está provavelmente no telefilme The Day After, o qual vi quando tinha para aí uns 15 anos, e que me deixou com muito medo do fim do mundo. Este filme retratava de forma muito realista (para a altura) o efeito de uma guerra nuclear numa pequena cidade do Kansas. Provavelmente para combater os pesadelos que o filme me deixou, ganhei uma visão bastante romântica do fim do mundo, e até hoje consumo com bastante agrado tudo o que tenha a ver com o tema. Desde os Mad Max, aos Living Deads, ao 21 Days Later aos livros do Kurt Vonnegut, ou ao The Road do Cormac McCarthy, elevo tudo com muita facilidade ao estatuto de obra prima (ok, o Mad Max está a mais).
Esta semana, com as notícias das corridas às bombas de gasolina e às prateleiras de super-mercado, dei por este meu eu a esboçar um sorriso e a pensar "Parece que está a começar". Depois caí na realidade e apercebi-me que isto deve ser apenas um primeiro sinal dos tempos difíceis que aí vêm (não, ainda não ando no Rossio com um sinal a anunciar o fim do mundo). E um bom lembrete que a boa da estabilidade que todos adoramos e lutamos para ter, não é mais do que um castelo de cartas.
Radiohead - House of Cards (Scotch Mist)
3 comentários:
Tu: Qualquer post é uma boa desculpa para promoveres música duvidosa
Eu: Qualquer post é uma boa desculpa para me promover a mim próprio
Ele: Qualquer coisa é uma boa desculpa
Na mouche, escaramouche...
A sensação que tive nessa 4ª-f aqui em baixo no algarve, qd saí a pé para ir comprar tabaco a uma estação de serviço drenada de combustível, e vendo as ruas desertas de carros e com algumas pessoas a vaguear a pé ou de bicicleta, foi realmente essa de que "parece estar a começar"! Veio-me à cabeça o tão ironicamente visual "Ensaio sobre a Cegueira" do Saramago, e tb eu dei por mim com um leve sorriso, talvez mais troça que nervosísmo, e a abanar a cabeça, cantando para mim, "the future is uncertain, the end is always near...", cada vez mais perto!...
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