Descobri a Beth Orton, como provavelmente muito mais gente, no 2º albúm dos Chemical Brothers (Dig Your Own Hole) na faixa Where Do I Begin, que é capaz de ser para mim o momento mais alto da carreira deles. Ignorava na altura que já tinha um album a solo (Trailer Park de 1996) e já estava a trabalhar no 2º (Central Reservation de 1999). Estes dois albums misturavam de forma bastante original a electrónica com estilos mais "clássicos" como o folk, e a soul, e foram unanimemente celebrados pela crítica. Em 2002 editou ainda Daybreaker, autêntico despiste numa carreira até aí exemplar, principalmente devido a uma produção charoposa a aproximar do comercialão.
Para este Comfort of Strangers, Orton optou por voltar à simplicidade e abandonar as electrónicas. Recrutou Jim O'Rourke (Sonic Youth, Wilco, Stereolab, etc.) para a produção e para tocar baixo, piano e marimba, e também Tim Barnes para a bateria. Ela própria toca guitarra, piano e harmónica, e escreveu todas as canções (apenas a faixa título teve colaboração de O'Rourke e M. Ward). Segundo a própria cantautora o disco é "folk-gospel-soul com uma lágrima de country a escorrer pela cara", o que me parece uma excelente definição, dada a dificuldade que tive em classificar o mesmo. A produção minimalista, não só realça a voz e interpretação extraordinária da moça, como confere ao disco um som sem qualquer limite temporal, dando a sensação que tanto pode ter sido gravado ontem como à 20 ou 30 anos atrás.
Concluindo, um disco excelente para acompanhar os dias frios (que têm sido muitos ultimamente), e que me faz sentir confortável, como se estivesse a vestir uma camisola bem quentinha. Um grande regresso à forma que poderão encontrar à venda a partir de 7 de Fevereiro. (4 / 5)
1 comentário:
Obrigado por mais uma boa recomendação musical :) Gostei muito.
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