30 julho, 2007

Concerto : Gogol Bordello no Castelo de Sines

Para ser totalmente justo, esta posta devia ter um título associado ao festival em que este concerto estava inserido (o Festival de Músicas do Mundo de Sines), mas a realidade é que só fui mesmo lá para ver estes senhores. E para não variar, parece-me que tinha razão... As outras bandas que vi, apesar de terem os seus momentos interessantes, não me encheram de forma alguma as medidas e confesso que o sentimento que imperou foi o tédio resultante de uma longa espera... Primeiro os Norkst da Bretanha com a sua música modal que atingiu algumas boas notas precisamente nos momentos mais modais (leia-se Arabescos) e com excelentes músicos (menção honrosa para as cordas), depois uma senhora chamada Erika Stucky que misturava ao jazz, ao yodel Suiço e ao cabaret uma dose de loucura e humor muito saudável, e a terminar um Somaliano radicado no Canadá de seu nome K'Naan que, apesar de introduzido como hip-hop, juntava muito de raízes africanas e que conseguiu com uma instrumentalização muito simples encher o Castelo de good vibes e capturar o coração da maioria dos visitantes.

Já passava das 00:30 quando os Gogol tomaram o palco de assalto e na boa tradição punk (cigano ou de outra persuasão) começaram a debitar tema após tema sem fazer praticamente nenhuma pausa. Confesso-me surpreendido pelo profissionalismo que apresentaram (é um facto que se não fossem excelentes profissionais não tinham sido convidados pela Madonna para o Live Earth), e acho que nunca vi caos tão bem planeado. O líder (ou será apenas cantor?) Eugene Hutz (o alucinado da foto) a debitar suor, energia e boa disposição, e nenhum dos inúmeros elementos da banda a deixá-lo ficar mal, desde o violinista virtuoso à apetecível rapariga do bombo. O alinhamento incidiu principalmente sobre o disco de "sucesso" - Gypsy Punks Underworld World Strike - mas também teve lugar para umas quantas do recém saído Super Taranta! (também bastante bom, apesar de ligeiramente inferior ao anterior). A festa teve uma apoteose bastante cedo quando a meio de Not A Crime, começou o fogo de artificio, mas não foi por aí que o entusiasmo do público esmoreceu. Esse permaneceu até ao fim e foi muito bonito ver as 15.000 pessoas que conseguiram entrar no Castelo (parece que venderam mais bilhetes do que a capacidade do recinto) aos pulos até ao último segundo.

Um concerto que correspondeu na totalidade ao que esperava e que confirma que é mesmo ao vivo que os Gogol Bordello têm a sua expressão plena, não havendo nenhum disco que possa fazer jus a esta presença demolidora, que consegue cativar pessoas de todas as idades e filosofias de vida. We are your fucking new friends from abroad! disse o Hutz perto do fim e penso que com este concerto vai começar uma longa relação de amizade com o nosso país, que terá já o seu próximo capítulo a 14 de Agosto em Paredes de Coura...

4 comentários:

Ervi Mendel disse...

Fiz o meu primeiro post para aqui há 3 dias e já "temos" ;-) 12.000 hits!
Há coisas fantásticas, não há?

Como tal vejo-me forçado a não mudar muito a minha linha editorial dos últimos tempos (ratings talks, culture walks).

Ervi

PS: Boa review, só te esqueceste de dizer que a companheira fartou-se de abanar o capacete...

Bruno Taborda disse...

Olha que comparando com meses anteriores, não há grande evolução de hits...

Mesmo assim continuem com a vossa politica editorial porque está a ser bastante divertido... E se a ideia fosse fazerem o mesmo que eu, não faria grande sentido estarem por cá, não é verdade?

Anónimo disse...

Levantares-te tão cedo não deve ser nada bom para a saúde. Acho que isso dá cabo da tensão arterial...

TM

River disse...

Lamentavelmente este ano não pude ir... Aguardo para ouvir logo o relato exaustivo da minha amiga Raquel Bulha :)

Esse era um dos concertos a não perder sem dúvida!