Acompanho desde o início a carreira deste Jonathan Lethem, quando comprei por impulso o seu Gun With Occasional Music, uma mistura de ficção cientifica com policial negro que me marcou pela sua originalidade e humor. Original, é mesmo o adjectivo mais bem empregue para definir o seu trabalho: Amnesia Moon é uma road trip alucinada e dedicada a Philip K. Dick; As She Climbed Across the Table relata a história de amor entre uma física de partículas e um buraco negro; Girl in Landscape é um western adolescente num planeta árido e desinteressante; Motherless Brooklyn (o meu preferido) é um policial Chandleriano com um protagonista que sofre de síndrome de Tourette. Infelizmente, após este início fulgurante, Lethem ganhou em ambição e perdeu algum fôlego, o livro seguinte The Fortress of Solitude, que acompanha a vida de dois amigos, um branco e outro negro que se tornam super-heróis, deixou-me consideravelmente desiludido. No entanto o autor tem a capacidade de tornar credível o mais irreal dos pressupostos, e mistura questões filosóficas e sociais nestas paisagens tão fantasistas e surreais.Este You Don't Love Me Yet, é um retorno a trabalhos de menor extensão (e ambição), e é o trabalho mais realista do autor. Passado na Los Angeles actual, acompanhamos uma viagem de descoberta própria de uma tal Lucinda, baixo de uma banda arty sem nome, que se vê em alguma confusão emocional ao separar-se pela n-ésima de Matt (o vocalista da banda) e se apaixona ao trabalhar num projecto de arte em que se faz o atendimento telefónico de queixosos (não interessa de quê).
Nada de particularmente inovador, mas muito bem escrito, com diálogos cheios de estilo e personagens interessantes. Estando longe do melhor do autor, representa um passo no caminho de uma esperada retoma de forma, e é um livro leve e bem disposto, ideal para ler nas férias.











