Para ser totalmente justo, esta posta devia ter um título associado ao festival em que este concerto estava inserido (o Festival de Músicas do Mundo de Sines), mas a realidade é que só fui mesmo lá para ver estes senhores. E para não variar, parece-me que tinha razão... As outras bandas que vi, apesar de terem os seus momentos interessantes, não me encheram de forma alguma as medidas e confesso que o sentimento que imperou foi o tédio resultante de uma longa espera... Primeiro os
Norkst da Bretanha com a sua música modal que atingiu algumas boas notas precisamente nos momentos mais modais (leia-se Arabescos) e com excelentes músicos (menção honrosa para as cordas), depois uma senhora chamada
Erika Stucky que misturava ao jazz, ao yodel Suiço e ao cabaret uma dose de loucura e humor muito saudável, e a terminar um Somaliano radicado no Canadá de seu nome
K'Naan que, apesar de introduzido como hip-hop, juntava muito de raízes africanas e que conseguiu com uma instrumentalização muito simples encher o Castelo de
good vibes e capturar o coração da maioria dos visitantes.
Já passava das 00:30 quando os Gogol tomaram o palco de assalto e na boa tradição punk (cigano ou de outra persuasão) começaram a debitar tema após tema sem fazer praticamente nenhuma pausa. Confesso-me surpreendido pelo profissionalismo que apresentaram (é um facto que se não fossem excelentes profissionais não tinham sido convidados pela Madonna para o
Live Earth), e acho que nunca vi caos tão bem planeado. O líder (ou será apenas cantor?) Eugene Hutz (o alucinado da foto) a debitar suor, energia e boa disposição, e nenhum dos inúmeros elementos da banda a deixá-lo ficar mal, desde o violinista virtuoso à apetecível rapariga do bombo. O alinhamento incidiu principalmente sobre o disco de "sucesso" -
Gypsy Punks Underworld World Strike - mas também teve lugar para umas quantas do recém saído
Super Taranta! (também bastante bom, apesar de ligeiramente inferior ao anterior). A festa teve uma apoteose bastante cedo quando a meio de
Not A Crime, começou o fogo de artificio, mas não foi por aí que o entusiasmo do público esmoreceu. Esse permaneceu até ao fim e foi muito bonito ver as 15.000 pessoas que conseguiram entrar no Castelo (parece que venderam mais bilhetes do que a capacidade do recinto) aos pulos até ao último segundo.
Um concerto que correspondeu na totalidade ao que esperava e que confirma que é mesmo ao vivo que os Gogol Bordello têm a sua expressão plena, não havendo nenhum disco que possa fazer jus a esta presença demolidora, que consegue cativar pessoas de todas as idades e filosofias de vida.
We are your fucking new friends from abroad! disse o Hutz perto do fim e penso que com este concerto vai começar uma longa relação de amizade com o nosso país, que terá já o seu próximo capítulo a 14 de Agosto em Paredes de Coura...