O cinema de terror é um daqueles géneros em que cada vez mais parece ser preciso ver uma centena de filmes para encontrar um pérola no meio. Eu vejo bastantes pelos cheap thrills e porque me deixam desligar o cérebro, mas raramente escrevo sobre eles, porque é muito raro excederem as expectativas de entretenimento puro e duro. O último que me tinha verdadeiramente maravilhado tinha sido o Descent do britânico Neil Marshall há uns 4 anos atrás. Vi este ontem à noite e fiquei com a sensação de ter encontrado um dos tais filmes de terror com cérebro por trás...
Realizado pelo francês Pascal Logier (definitivamente o melhor do género deixou de vir dos EUA), começa por ser uma história de vingança, com uma rapariga e a sua melhor amiga a quererem-se vingar de um casal que a raptou e torturou quando era criança. Mas é daqueles filmes sobre os quais quanto menos se souber, mais efeito produzem. Digamos apenas que por volta dos 40 minutos o filme (na estrutura clássica a que estamos habituados) parece estar a acabar, não deixando de forma alguma antever o que se segue. É extremamente violento (batido como estou nestas coisas senti bastante desconforto com algumas cenas), ao ponto de haver quem o inclua na corrente torture-porn (das séries Hostel e Saw). Mas o coração do filme está noutro sítio: é dedicado a Dario Argento, tem influências nítidas de terror japonês e um final doentiamente calmo e transcendente, que o eleva significativamente acima da fasquia. Completamente obrigatório para aficionados, quem não o seja é melhor fugir a sete pés...
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