23 dezembro, 2008

Livro : Things the Grandchildren Should Know (Mark Oliver Everett)


Conhecido entre os amigos simplesmente por E, este Mark Oliver Everett é o responsável por uma banda de alinhamento muito variável que dá pelo nome de Eels, e este é o primeiro volume das suas memórias. Pode parecer um pouco estranho o moço sentir necessidade de contar ao mundo aquilo porque passou até hoje, mas tenho de lhe dar toda a razão ao dizer que não sabe o que o espera amanhã, e como único sobrevivente da sua família, faz todo o sentido que tenha uma visão muito realista da vida (ou do fim dela).

O livro vem confirmar aquilo que quem goste da banda já suspeitava: E é um músico incrivelmente integro, que não se preocupa com fazer a música que os outros (sejam eles quem forem) estão à espera que faça. Como resultado principal dessa integridade, o lançamento de quase todos os seus discos foi uma batalha cerrada com as suas editoras, mas ele nunca cedeu um centímetro nas suas ideias. Ele faz e sempre fez música porque é o seu escape. É a única coisa que o ajuda em momentos em que se sente infeliz e parece ser toda a razão da sua existência. Mas o livro não se esgota com esta faceta. Muito mais interessante é toda a perspectiva que E tem da vida e dos seus valores. E é claro que está pejado de pequenas pérolas de bastidores, como a descrição de uma tentativa de dueto à distância com Tom Waits.

Quanto à escrita, E tem a perfeita noção que não é um escritor profissional, e por esse motivo opta inteligentemente por uma forma muito próxima do coloquial, na qual o seu sentido de humor e ironia conseguem brilhar, fazendo com que o livro se torne completamente devorável. Totalmente obrigatório para quem goste da banda, muito recomendado para as restantes pessoas.

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