Estes Guillemots são provenientes do Reino Unido, e liderados por um tal de Fyfe Dangerfield (um tipo magrinho e barbudo, habitualmente com boné enfiado na cabeça e sentado ao piano), que é o compositor principal e o vocalista (e não só tem boa voz, como a sabe utilizar). Os restantes membros são MC Lord Magrao (o Brazuca da guitarra), Greig Stewart (bateria) e Aristazabal Hawkes (a.k.a. a rapariga do contrabaixo). É mais que óbvio que estes nomes são provavelmente inventados, mas a música que fazem, essa, é bem real.
Este é um daqueles discos (para mim) muito dificeis de classificar, tal a abrangência de estilos não só entre músicas, como dentro de cada uma delas. Os media em geral têm tendência a enfiá-los no saquinho indie-pop, lá para os lados dos horriveis Coldplay e dos abomináveis Keane. É verdade que por vezes me fazem lembrar a pop perfeita e com classe que uns Aztec Camera ou uns Prefab Sprout faziam em meados dos anos 80, mas nesses discos não havia lugar para a melancolia de um Blue Would Still Be Blue com os vocais quase a capella (acompanhamento por uma garrafa de vinho tinto segunda rezam as liner notes) a fazerem lembrar os melhores momentos do defunto Jeff Buckley. Juntem influências tão dispares como jazz, samba, música electrónica (tocada com instrumentos reais), música clássica, e já poderão levantar uma pontinha do véu sobre o que vos espera. As audições repetidas só fazem melhorar a percepção da coisa, ao descobrir a quantidade de pequenos pormenores que foram incluidos nas músicas.
Momentos altos não faltam: o single Made Up Love Song #43 é o arquétipo de canção de amor com uma elevada dose de loucura à mistura (quando lhe perguntaram o porquê do número 43 Fyfe respondeu simplesmente que as primeiras 42 canções de amor que escreveu eram uma trampa), Annie Let's Not Wait que começa como se fosse uma canção pop pimba e acaba em batuques monumentais numa favela do Rio, e os derradeiros 12 minutos de Sao Paulo que começa com um saxofonista de esquina e que até chegar ao final (a misturar Mussorgsky com Gershwin) consegue enfiar uma meia dúzia de canções diferentes pelo meio, são apenas alguns dos meus favoritos...
Through the Windowpane, é mesmo o que o nome indica, uma janela para o mundo com momentos mais felizes a equilibrar os mais tristes, e a misturar todos os géneros como se não existissem quaisquer barreiras. Este vai directamente para a lista dos melhores do ano e só não leva nota máxima por causa de um ou dois temas em que o objectivo de misturar estilos parece ter deixado de fora o brilhantismo das restantes composições. ( 4,5 / 5 )
1 comentário:
Esse disco é o máximo. Encontrei ele ano passado em um sebo por 9 reais, não tinha dinheiro no momento pra comprar. Fui procrastinando a compra e voltei lá esse ano... não estava mais lá.
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