Sou um leitor incondicional do Houellebecq. Os livros dele (principalmente Les Particules Elementaires e Plateforme - ambos traduzidos), têm a capacidade única de me excitarem e deixarem deprimido ao mesmo tempo e durante pelo menos uma semana. Talvez falem claro e alto ao meu lado mais masoquista, porque a realidade é que não são normalmente de leitura agradável. Mexem comigo e colocam muitas questões na minha cabeça.
Este, quer seja por cinismo (como alguma critica parece apontar), quer por real vontade de fazer algo um pouco diferente, quebra um pouco essa tendência e é uma sátira ao mundo da arte e da fama, não deixando no entanto de fora os temas habituais do autor, como as relações familiares, ou o presente e futuro geopolítico. Contando a história da vida adulta de uma artista plástico, um tal Jed Martin, um tipo com poucos sentimentos e ambições, que se vê, um pouco sem perceber como, cheio de sucesso de repente. Pelo caminho o autor aproveita para colocar alguns amigos (e inimigos) como personagens, começando por um delicioso Frédéric Beigbeder, e terminando numa muito confusa e divertida versão dele próprio.
E digo-vos que a coisa resulta. É, para variar, uma leitura tão agradável e deliciosamente divertida, que até tive de me obrigar a ler devagar para melhor o apreciar. Esperemos que a tradução não demore muito...
2 comentários:
nunca li
mas já o citei no blog
por qual começo? (nunca perguntei isto, começo sempre por onde calha)
Então começa pelo que calhar... Porquê mudar?
O meu preferido é o Plataforma. Mas depois tens de me vir dizer o que achaste.
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