Já ando com vontade de escrever esta posta há umas 3 semanas, altura em que acabei de ler este livro. A falta de tempo, ou o excesso de distracções têm-me afastado desse caminho, e entretanto já houve criticas no Expresso e na Time Out (e provavelmente em muito mais coisas que eu nem leio), pelo que agora pode parecer que venho a reboque. Perco (e vocês também) na frescura da leitura (e no efeito novidade), mas talvez se ganhe algo com algum distanciamento às primeiras impressões.
Este Cabrera Infante deve ter sido um grande malandreco... De origem Cubana, foi critico de cinema no início da vida, e exilou-se na Europa nos anos 60, onde viveria o resto da sua vida (deixou-nos em 2005). Este livro é uma memória de uma paixão por uma rapariga de 16 anos (a ninfa do título) que durou pouco mais de um verão, mas que ficou para sempre gravada na memória do autor, que escreveu este livro pouco antes da sua morte. É assim com 40 ou mais anos de distância que o autor evoca tanto esta paixão pintada de noir, como a Havana desse tempo, os seus amigos e os espaços, muitos deles entretanto desaparecidos.
Para além do belo exercício de memória, é sobretudo a linguagem que me fez adorar este livro. De um ritmo absolutamente musical e erótico, mistura várias linguas e montanhas de referências culturais, e faz um uso magistral dos jogos de palavras. Uma excelente surpresa que parece ser apenas o levantar do véu de todos os livros do autor que iram ser publicados pelos seus descendentes durante os próximos anos. Esperemos portanto que a Quetzal dê continuidade a esta aposta, e mantenha os elevados padrões de tradução e edição aqui apresentados.
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