14 fevereiro, 2007

Livro : Blind Willow, Sleeping Woman (Haruki Murakami)


Com certeza que os meus leitores habituais (se é que existem) se interrogaram porque é que deixei de escrever sobre livros mais ou menos obscuros e editados em países distantes... Olhando para o histórico deste blog, o último post sobre o tema respeitava à enchurrada de livros que li nas férias, o que quer dizer que já passaram uns bons 6 meses. A resposta a esta questão é a conjunção de uma série de factores... Primeiro li uma série de 2 ou 3 livros de que não gostei o suficiente para recomendar (entre eles o último do Paul Auster - Travels in the Scriptorium - o que foi uma grande desilusão dada a minha predilecção pelo autor), por outro lado ando com muito menos disponibilidade mental para ler (comecei a ir ao ginásio "a sério" o que me deixa cansado o tempo quase todo - não querendo de forma nenhuma sequer sugerir com esta afirmação que os desportistas profissionais são burros). Na realidade, o livro que vos trago hoje demorou 2 meses a ler, o que estraga completamente a fama que terei adquirido de devorador de livros.

Esta é uma recolha de contos escritos entre 1981 e 2005 por um daqueles senhores Japoneses de que gosto imenso. E para um periodo tão prolongado no tempo, é de estranhar que os contos sejam tão coesos. Quase todas as histórias são relativamente tristes, com personagens submersas pela solidão (algumas por vontade própria), mesmo quando acompanhadas. Murakami junta à mistura os seus temas favoritos: os acontecimentos inexplicáveis (o tal toque de fantástico que provoca por vezes a sua inclusão na corrente do realismo fantástico), as coincidências, o jazz vintage (de preferência em vinil), os pássaros e os gatos. Como qualquer livro de contos, os resultados não estão sempre ao mesmo nível (até porque é natural que se tenha respostas emocionais mais fortes a determinados temas do que outros), mas a fasquia está mesmo muito alta, e a grande maioria dos contos tem uma beleza triste que me emocionou. Mais um muitissimo recomendado, e que certamente será editado por cá em breve (o autor está a ser traduzido regularmente).

10 comentários:

Anónimo disse...

Caro Bruno, vim aqui parar fazendo jus, como irá reparar, ao meu nome.O tempoé curto e só deu para dar uma espreitadela "rápida" ao seu blog... gostei, o meu não é tão bom.
Escolhi este post porque comecei a ler agora, precisamente, a "Crónica do Pássaro de Corda" do Murakami.Conhece Kazuo Hishiguro?
Apareça...

Bruno Taborda disse...

Caro Corto,

Também já li o "Pássaro de Corda" e é excelente... Apesar de por vezes ser de leitura difícil... Acho que também demorei 2 meses a chegar ao fim... Mas valeu (muito) a pena...

Tentei aceder ao seu perfil para ver esse blog que diz pior que o meu, mas não consegui... Pode indicar o endereço?

Bruno Taborda disse...

Do Kazuo Hishiguro tenho por cá o Never Let Me Go para ler, mas ainda não lhe peguei. A minha pilha de livros para ler é muito grande, porque apesar de ler menos, continuo a comprar o mesmo. Acho que para mim muito pouca coisa bate o prazer de ter livros novos...

Sofia Garcia disse...

Estive em Londres há pouco tempo (apesar do ar casual da coisa, não é um hábito) e achei curioso que na waterstone os livros do murakami já fazem da parte da secção classic contemporaries. Ao lado de Philip Roth, Iris Murduch, e Zaddie Smith, que faz furor ali nas ilhas mas a mim nunca me convenceu o suficiente para comprar. Murakami também ainda não me convenceu o suficiente, o domínio do fantástico é algo que identifico com os sul americanos e não com japoneses, mas Philip Roth ou Iris Murduch já li e estão bem classificados.
Acabei por comprar a biografia do Dylan, cuja a capa elenca todos prémios que já ganhou na sua curta existência (impressionante número aliás). Passou à frente de todos os outros que estou a ler e estou a gostar.
Também tenho mais livros dos que irei ler na minha vida (pelo menos nos próximos anos) e acho que isso é uma tribo muito simpática para se pertencer e com a qual me identifico :)

Bruno Taborda disse...

Haaa... Quem me dera passar esta tarde aos livros em Londres... Quando estive lá o verão passado, se não tivesse budget limitado, tinha deixado a roupa no hotel e enchido as malas de livros ;-)

Realmente a Zadie Smith já ser considerada classica parece-me um bocado abusivo... Li o White Teeth e o Autograph Man e também não consegui perceber onde estava a razão para tanto hype. Não é que seja mau (longe disso), mas não me pareceu ter nada que não tivesse sido já escrito e melhor...

Do Philip Roth ainda não li nada. A cada novo livro leio as criticas e fico com vontade de ler mas, não sei porquê, nunca cheguei a vias de facto. Há algum que recomendes em particular?

Quanto ao Murakami, concordo em absoluto com a classificação da livraria, e recomendo-te a leitura do Kafka on the Shore. É um livro muito equilibrado que consegue ser "fácil" de ler e profundo ao mesmo tempo. O fantástico dele aproxima-se mais dos filmes do Lynch do que dos Sul-Americanos.

Folgo em saber que temos mais uma tribo em comum, depois da dos Arcade Fire...

Sofia Garcia disse...

Recomedo sim: portnoy's complaint. Este acho que vais gostar. Também gostei do Dying Animal (embora este seja um livro duro e desencatado, mas é curtinho).

Bruno Taborda disse...

Pelo sim, pelo não, já pus os dois no shopping cart da amazon para a encomenda que vou fazer para o mês... Pela descrição o Dying Animal até me parece mais interessante...

Obrigado :)

Sofia Garcia disse...

Vá, depois tens de fazer uma recensão. Sinto-me meio responsável :)

Sofia Garcia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno Taborda disse...

É lá! Ainda nem li os livros e já estou a aprender ;-)

recensão : breve análise crítica de um livro ou de um escrito