24 dezembro, 2008

Para Os Que Ainda Acreditam

Incluindo o "crente da súcia", aqui ficam os meus votos de boas festas e de um ano novo repleto de insucessos desportivos. Em nome do Anthony, do Lewis e do espírito McLaren. Hamilton.

Hilariante Natal!

23 dezembro, 2008

Disco : Dennis Wilson - Pacific Ocean Blue (Legacy Edition)

Os meus co-bloggers são, como é sabido, ateus. Versão XTC (o Bruno), ou adolescente (o Ervi). A mim cabe-me ser o único crente desta súcia. E se tenho ocasionalmente crises de Fé, há epifanias que a ressuscitam.

Em Setembro de 1977, Dennis Wilson (baterista dos Beach Boys) lançou Pacific Ocean Blue, o seu único disco a solo. Esta "Legacy Edition" contém o dito álbum em CD, com algumas faixas extra, e contém um disco bónus com algumas das músicas gravadas para "Bambu", o sucessor que não chegou a ser editado.

É cativante, este disco. Longe das harmonias vocais dos Beach Boys, tem uma beleza primitiva, quase visceral. E ao ouvir o belíssimo "Holy Man", aqui em duas versões (uma cantada, outra instrumental), olhando para a fotografia da capa, não posso deixar de pensar: é Natal, Jesus nasceu! Festas Felizes a todos os visitantes deste blog.

Livro : Things the Grandchildren Should Know (Mark Oliver Everett)


Conhecido entre os amigos simplesmente por E, este Mark Oliver Everett é o responsável por uma banda de alinhamento muito variável que dá pelo nome de Eels, e este é o primeiro volume das suas memórias. Pode parecer um pouco estranho o moço sentir necessidade de contar ao mundo aquilo porque passou até hoje, mas tenho de lhe dar toda a razão ao dizer que não sabe o que o espera amanhã, e como único sobrevivente da sua família, faz todo o sentido que tenha uma visão muito realista da vida (ou do fim dela).

O livro vem confirmar aquilo que quem goste da banda já suspeitava: E é um músico incrivelmente integro, que não se preocupa com fazer a música que os outros (sejam eles quem forem) estão à espera que faça. Como resultado principal dessa integridade, o lançamento de quase todos os seus discos foi uma batalha cerrada com as suas editoras, mas ele nunca cedeu um centímetro nas suas ideias. Ele faz e sempre fez música porque é o seu escape. É a única coisa que o ajuda em momentos em que se sente infeliz e parece ser toda a razão da sua existência. Mas o livro não se esgota com esta faceta. Muito mais interessante é toda a perspectiva que E tem da vida e dos seus valores. E é claro que está pejado de pequenas pérolas de bastidores, como a descrição de uma tentativa de dueto à distância com Tom Waits.

Quanto à escrita, E tem a perfeita noção que não é um escritor profissional, e por esse motivo opta inteligentemente por uma forma muito próxima do coloquial, na qual o seu sentido de humor e ironia conseguem brilhar, fazendo com que o livro se torne completamente devorável. Totalmente obrigatório para quem goste da banda, muito recomendado para as restantes pessoas.

21 dezembro, 2008

Something for the Weekend XVIII

É o desespero! Procurei, procurei, procurei, mas não há mesmo nenhuma novidade de jeito para vos trazer esta semana. Anda toda a gente a pensar nas prendas e a fazer aquelas listas sempre incompletas dos melhores discos do ano. E o pior é que muito provavelmente para a semana estaremos na mesma. Resumo-me assim a apresentar uma notícia interessante e esperar por melhores dias...


Antony and the Johnsons - Another World

Não gosto lá muito do vídeo (nem dos restantes deste senhor), mas gosto da música e adoro a interpretação dele. Este destaque serve essencialmente para vos informar (se ainda não o souberem) que temos concertos nos Coliseus em Maio (14 em Lisboa, 18 no Porto). Não vos dei a notícia mais cedo porque queria garantir o meu bilhete antes que fossem todos a correr comprar o vosso imediatamente após a leitura destas linhas. E depois do excelente EP deste final de ano a que o tema acima dá o nome, também temos álbum novo (The Crying Light) a 19 de Janeiro.

18 dezembro, 2008

12 dezembro, 2008

Something for the Weekend XVII


Fujiya & Miyagi - Sore Thumb

Já por aqui vos tinha falado destes senhores numa fase em que ainda estava em descoberta. Posso agora acrescentar que o disco deste ano - Lightbulbs - não indo resolver nenhum problema no mundo, ouve-se muito bem. As letras nonsense e os vocais murmurados de David Best fazem maravilhas pelo nível de coolness da coisa. Este vídeo também é bastante melhor do que o anterior...


Blur - Coffee & TV

Depois de anos a tentarem convencer o Graham Coxon a voltar à banda, foi anunciado esta semana que os Blur estão em estúdio e a ensaiar para um conjunto de concertos a realizar lá para meados do próximo ano. Confesso que o meu interesse não reside muito nestes (já os vi 2 vezes - com e sem o Coxon - e nenhuma delas me convenceu particularmente), mas sim na eventualidade de sair desta junção um novo disquito!


Patrick Wolf - Bluebells

Também nas notícias anda o jovem Patrick Wolf, que informou que o seu próximo disco se chama Battle é duplo, e que precisa de dinheiro para o gravar. Para este efeito aposta num novo modelo de negócio chamado Bandstocks em que as pessoas podem investir dinheiro nos músicos. Para quem invista estão desde já prometidos bilhetes para concertos, edições limitadas, etc.


Os Contemporâneos - Saberão que estamos no Natal?

Volto a terminar com uma canção de Natal, pela mão dos actuais lideres indiscutíveis do humor em Português. Riam que faz bem!

11 dezembro, 2008

Parabéns, Mestre...

pelo primeiro lugar, e por teres trazido o Suazo.

Parabéns, Mestre...

por cem anos de vida, e pelos filmes.

7PP : Sr. Peles

Para aqueles que não estavam à espera que eu começasse de imediato a avacalhar esta rubrica, deixem-me vos dizer que têm demasiada fé em mim.
O Sr. Peles, famoso pelo seu prepúcio desmesurado (faz de conta), é um cromo recorrente nas pilhas de singles votados à indiferença por esse país fora. Figura de proa do faduncho popularucho e ordinareco do pós-revolução, Domingos Pereira é dotado de uma estampa física inconfundível, de uma dicção à Jorge Jesus e é um dos (muitos) avós biológicos do movimento "Pimba".
Seleccionei esta capa por causa do autocarro. O clássico 50 da Carris que fazia o percurso Algés - Cabo Ruivo e que durante quase duas décadas me levou por motivos desportivos, pessoais, universitários e profissionais até ao Campo Grande e de volta são e salvo.
Destaque ainda para a quarta e última música deste EP, uma pérola que dá pelo nome de "Vê Lá Se Te Dobras" e que ao som do tradicional Malhão contém o precioso verso: "olarilólé, não andas a pé, nem dobras a espinha!".
Se vos parecer que fui demasiado duro e crítico para com o Sr. Peles, não pensem que tenha a ver com qualquer tipo de snobismo ou com uma esmagadora superioridade intelectual. Não, nada disso, o problema é mesmo a segunda cançoneta "Benfica em Munique" que zomba com os 5 a 1 encaixados pelo Glorioso na noite de 17 de Março de 1976. E esse mau gosto é imperdoável, e como tal, quase 33 anos depois, aqui estou eu a servir a vingança fria.

09 dezembro, 2008

7 Polegadas de Prazer

Esta nova rubrica do Contracultura pretende prestar vassalagem a esse objecto mítico da música e do coleccionismo que é o 7 polegadas. Mais conhecido entre nós como o single, o 45 rotações, o EP ou "um disco dos pequenos", poucos haverá de entre vós que nunca tenham travado contacto intimo com, pelo menos, um exemplar.

Durante muitos anos considerado como a versão para crianças do LP, o single resistiu a tudo e hoje para além de ser o formato de eleição dos grandes coleccionadores é também o meio de promoção preferido de muitos dos novos artistas que procuram criar um culto de seguidores.

Deliciem-se então com esta apresentação (a minha e a do Camané!). Ah! Fadista!

PS: Apesar do que o título deste post possa sugerir, 7 polegadas é o diâmetro de um single em vinil e não a altura do Camané

08 dezembro, 2008

Blog : I paint in Reverse PoEms

A minha mais-que-tudo, mãe-das-minhas-filhas, lua-da-minha-vida, companheira-de-viagem-acidentada, decidiu-se finalmente a fazer o seu próprio blog, com o objectivo de nos expor à sua arTe (em tela e em texto). Já a tinha convidado para se juntar aqui aos três mosqueteiros (seria o nosso D'Artagnan?), mas se calhar não era muito boa ideia porque iria destoar um pouco (não só pela diferença de sexo, mas também pela seriedade dos seus textos).

Façam o favor de lá ir, mas sejam bonzinhos com ela, porque é uma rapariga muito sensível ;-)

Concerto : Super Bock em Stock

Para os distraídos (e nitidamente pouco fieis a este blog), o SBES foi um festival em cinco salas em simultâneo em plena Baixa de Lisboa (S. Jorge 1 + 2, Tivoli, Maxime e Variedades), pensado para apresentar bandas menos conhecidas aos lucky few, que quisessem andar a passear em duas noites de Inverno. Como já devem ter percebido pelo facto de estar a escrever estas linhas: eu estive lá.

Dia 1 (3/12)

Comecei por passar pelo Maxime e ver um pouco de Jack Rose. O ex-guitarrista dos Pelt, estava a tocar acústico e a solo e, apesar de uma apreciável técnica, eu não estava propriamente virado para aquele estilo. Depois, e apesar das diversas escolhas possíveis (Ladyhawke, Caravan Palace e Os Pontos Negros), decidimos dirigir-nos logo para Tivoli que seria o local do prato forte da noite (já lá iremos). Aí presenciei um concerto razoável de José James, acompanhado por uma boa banda de jazz clássico, estilo em que tenta incorporar referências mais modernas como o hip hop. Confesso que o jazz não é propriamente o estilo que mais me conta (dá-me sempre a sensação que já foi quase tudo dito pelos grandes do passado), e parece-me que as notas modernizantes de que James tenta infundir servem mais para irritar do que para inovar. De qualquer forma passou-se bem o tempo (sempre foi melhor do que ficar na rua à chuva).

O dito do prato forte da noite foi a estreia em palcos nacionais da Santogold. Acompanhada apenas por um DJ e duas bailarinas robóticas, a Santi conseguiu com muita facilidade animar a plateia, e foi um espectáculo muito divertido. Essencialmente percorreu grande parte do seu disco de estreia, com a enorme mistura de estilos que neste vive, e ainda houve espaço par um cover (pouco convincente) de Guns of Brixton dos Clash. No final tivemos Creator a terminar a festa com direito a uma mini invasão de palco. Apesar de toda a exuberância, e do conceito das bailarinas que não alteraram a sua expressão facial nem um segundo durante o concerto, tive alguma dificuldade em encontrar alma na coisa. Talvez pela ausência de uma banda a sério em palco, talvez pelo próprio material de origem, o facto é que o concerto ficou um pouco aquém das minhas expectativas.

Dia 2 (4/12)

Para o 2º dia o panorama estava bastante mais fácil, uma vez que decidimos concentrar as nossas atenções numa só sala - o teatro Variedades. Não é que não houvesse mais coisas interessantes para ver, mas todos os concertos deste espaço eram interessantes. E foi uma aposta bem ganha...

Começando pelo por aqui muito badalado concerto da Lykke Li, em que as minhas expectativas foram facilmente superadas. A simplicidade com que as músicas foram gravadas no seu disco de estreia, presta-se a toda a espécie de variações ao vivo, e isso é aproveitado com uma mestria que falta a muita gente com o dobro da sua idade. Também houve lugar a covers (desta vez totalmente convincentes) de Cape Cod Kwassa Kwassa dos Vampire Weekend e Can I Kick It dos A Tribe Called Quest, e uma mini invasão de palco com 3 espectadores a serem chamados ao palco para "ajudar" na percussão. E quando a meio do Little Bit apontou para mim (e para os 200 marmanjos atrás de mim) e cantou Cause I would do anything, Anything, To have you as my man, confesso que senti o coração a acelerar e os joelhos a fraquejar. Para mim um dos concertos do ano, e que confirma que esta senhora tem todas as condições para se tornar um caso muito sério...

Seguiram-se os Zita Swoon, que já tinha visto há uns anos na Aula Magna, mas que mesmo assim me conseguiram surpreender. Assim que as pessoas abandonaram o concerto anterior (provavelmente para se dirigirem para o Tivoli e tentarem ver os The Walkmen que parece que também foi muito bom), a própria banda montou um mini-palco no centro da plateia, com todos os instrumentos virados para o centro, enquanto o público se colocou à volta, ou em cima do palco (como foi o meu caso). O concerto foi um exemplo brilhante do caldeirão de estilos que a banda domina: rock, jazz, blues, música Africana, chanson Francesa, parece que tudo cabe no espaço desta banda, que estava visivelmente a divertir-se tanto como a sua assistência. A única coisa menos feliz foi a duração: passados os 60 minutos regulamentares, Stef Kamil Carlens e companhia tiveram de arrumar o palco, apesar da insistência do público (e deles próprios) em continuar.

Para terminar a noite, que já estava de barriga cheia, ainda houve espaço para os tugas X-Wife. Também já os tinha visto "por alto" num festival qualquer, mas nitidamente funcionam melhor em espaços mais pequenos. Com muita energia e com todos os membros a darem o seu melhor, foi um bom concerto de rock muito profissional e a fechar de forma muito agradável uma grande noite. Os problemas que achei neste concerto, foram os mesmos que encontro nos seus discos: parecem ter alguma dificuldade em alterações de ritmo e o falsetto constante de João Vieira tornam-se um pouco cansativos ao final de 4 ou 5 temas. Uma maior junção de influências ainda os poderá tornar uma grande banda. Também aqui houve um convite à invasão de palco (pelos vistos está na moda), mas os seguranças não permitiram, tendo como vingança Fernando Sousa (o baixo) saltado para a plateia no último tema.

Conclusões

O formato deste festival é muito interessante: os espaços pequenos facilitam a proximidade entre o público e os músicos, resultando concertos potencialmente intimistas e únicos, e permite a vinda a Portugal de alguns artistas para os quais um concerto em nome próprio poderia não ser economicamente viável. Este formato poderia inclusivamente ser utilizado para fazer showcases regulares de grupos Portugueses, que muitas vezes passam praticamente despercebidos. Também parece que para o ano haverá mais, com alargamento a mais algumas salas. Veremos se o programa se mantém ao nível.

05 dezembro, 2008

Something for the Weekend XVI


LCD Soundsystem - New York, I Love You, But You're Bringing Me Down

Se já anteriormente achava esta faixa do 2º LCD completamente irresistível na sua nostalgia decadente das baladas em crescendo do Bowie e do Reed de 70's, este vídeo duplica a nostalgia pelo efeito Kermit, e acrescenta-lhe uma boa dose de humor que joga impecavelmente com o tom irónico de James Murphy. Entretanto parece que temos novo projecto de banda a editar material novo no próximo ano. Venha de lá que já se faz tarde...


Amanda Palmer - Leeds United

Tinha-me prometido não vos chatear mais com a Amanda, mas achei a notícia divertida demais para não lhe dar destaque (e na realidade continua a não haver grande coisa nova para divulgar). Quando o vídeo acima foi apresentado à editora (a teoricamente punkish Roadrunner), quiseram alterar o vídeo por forma a torna-lo mais sedutor e chegaram mesmo a dizer-lhe "i’m a guy, amanda. i understand what people like." (com idiotas destes à frente da indústria, não admira que ande tudo pelas ruas da amargura. A Palmer manteve a sua posição e recusou-se a alterar o vídeo e escreveu coisas giras no seu blog, como por exemplo: "they’re barking up the wrong tree if they think they can katy perry or avril lavigne me into the walmarts of the world", o que levou os fãs a criarem um movimento pró-barrigas chamado Rebellyon. Confusos? Não se preocupem, tudo ficará mais claro se lerem a notícia escrita por jornalistas a sério aqui.

04 dezembro, 2008

Priceless

Ó LR, então com essa idade ainda acreditas no Pai Natal? Francamente, saíste-me cá um anjinho!