24 dezembro, 2005

Boas...

Mudam-se os tempos
Ando farto de dar voltas à mioleira, para arranjar uma forma de desejar boas festas aos meus leitores e amigos (ou vice versa), sem cair nos lugares comuns habituais. Lamento imenso, mas acho que ainda não vai ser este ano... O facto de me ter levantado às 7:30 para ir trabalhar, e o culminar durante a noite passada de um projecto de 3 meses de stress e responsabilidade elevadissimos, é capaz de não ajudar... O que vale é que agora tenho uma semana de férias e vou com certeza fazer muita coisa interessante sobre a qual vos vou querer falar...

Então ficamos assim: Feliz Natal para todos e respectivas famílias, animais de estimação (excluíndo frangos), e outros dependentes. Que alguém vos oiça e vos ofereça o telemóvel / leitor de MP3 / LCD / DVD / meias / pullover / vélinha que tanto querem e não conseguem comprar...

20 dezembro, 2005

The Return of the Son of Dead Man's Shoes

O meu amigo HiDef descobriu que o filme de que falei há alguns dias afinal existe nas nossas terras em formato DVD com o inspirado e atraente título Vingança Redentora. Por enquanto está apenas em aluguer, mas irá com certeza haver uma edição para venda directa um dia destes... Agora já ninguém tem desculpa para não ver este excelente filme (a não ser as pessoas que não têm DVD ou não estão inscritas em nenhum video clube, não é?)...

16 dezembro, 2005

Retrete I


Hoje estreio este novo espaço, que pretende ser aquilo a que a grande maioria da comunicação social (e anti-social) intitula de "Editorial". Então, perguntarão os leitores que ainda não desistiram, porque é que esta coisa se chama Retrete em vez de EDITORIAL. Passo a explicar o meu raciocínio retorcido e mal-cheiroso...

O Editorial, é o espaço em que o manda chuva de uma publicação, dá palmadinhas nas costas aos seus colaboradores e/ou aos seus leitores. É assim um bocado como o empregado do mês no McDonald's. Ora... apesar de eu ser tão egocêntrico como qualquer director de pasquim, tenho 2 graves problemas: não tenho colaboradores e, apesar das 211 visitas que já tive, suspeito que também não tenho leitores (71,9% das visitas demoraram menos de 5 segundos, o que nem dá para olhar para os bonecos), por isso só me resta dar palmadinhas nas costas a mim próprio e congratular-me por estar a fazer um excelente trabalho e por estar a tornar o mundo um sítio melhor para se viver... Assim sendo, digamos que o que estou a fazer é uma espécie de auto-análise, ou seja, deitar as merdas que tenho na alma cá para fora na esperança que ninguém as leia e que o Blogger desapareça repentinamente num dia de nevoeiro, por forma a que daqui a uns anos não seja possível ficar horrorizado com as brutidades que escrevi no presente. Ou seja, exactamente a mesma coisa que se faz na retrete!

Para além da introdução a este espaço de elevado calibre cultural, queria também fazer um mini-balanço deste primeiro mês a bloggar por aqui. Os primeiros posts que fiz demoraram muito tempo porque estava um 'cadinho enferrujado destas andanças da escrita, mas acho que agora começo a fluir melhor (deve ser o Microlax a fazer efeito). Fui bastante fustigado por escrever sobre um filme infantil, e eu próprio já me auto-flagelei por causa disso, mas devia estar sobre efeito de anti-depressivos ou coisa do estilo (normalmente só começo no Jameson às 7 da tarde). Prometo não escrever sobre mais nenhum filme para menores de 18, OK?

Quanto aos meus antigos camaradas de luta, que tentei chamar para esta nova aventura logo no início, ainda não tive qualquer resposta. Uns porque estão longe, outros porque estão perto mas tomam antibiótico, outros porque se calhar estão velhos, ou porque já têm outro blog para o qual não escrever... Suspeito que terão de me aturar a mim a solo por mais algum tempo. Podem ter a certeza que não me vou já embora, apesar da fraca penetração (ainda não recebi nenhumas cuecas de renda usadas para cheirar), o simples facto de andar por aqui a escrever é suficiente para me sentir melhor, e poder reduzir a dose diária da medicação...

Agradecimentos ao Warren Ellis pela ideia da foto, e ao construtor do meu apartamento pela sanita verde e pelos azulejos com florzinhas que ficaram tão bem... e às pessoas que me têm dito palavras simpáticas (e provavelmente falsas ;-) sobre esta tanga...

Filme : Dead Man's Shoes

Acabei agora mesmo de ver este excelente filme Inglês, e não podia deixar de vir aqui recomendá-lo. Não é um filme de terror, apesar da capa, o título e o 18 levarem o comum dos mortais a pensar isso (viva o marketing a tentar vender as coisas pelo que não são!), mas sim um filme muito realista sobre a estupidez humana, a culpa e a procura da redenção. Acho que é daqueles filmes sobre os quais quanto menos se souber melhor, pelo que nem sequer vou tentar fazer um resumo do argumento.

A realização (de Shane Meadows) é um espanto de economia e contenção, o Paddy Considine (de quem já tinha gostado muito no In America do Jim Sheridan) está arrepiantemente convincente, e a banda sonora em folk minimalista fica-lhe a matar. O cinema Inglês está nitidamente em alta...

Tanto quanto sei não estreou nem saiu em DVD em Portugal, e não sei se alguma vez sairá, mas se tiverem alguma oportunidade de o ver, não o deixem escapar.
(4/5)

15 dezembro, 2005

BD : Blacksad 3 - Alma Vermelha


Canales e Guardino são dois jovens Espanhóis de trinta e poucos anos que, vindos do mundo da animação, tiveram uma estreia auspiciosa com o primeiro volume desta série. Obtiveram suficiente sucesso tanto a nível comercial como crítico, para que a série seja já considerada de culto, e que em Portugal os novos volumes sejam editados praticamente ao mesmo tempo que nos países civilizados.

O Blacksad que dá nome à série é um gato preto com a profissão de detective privado, fazendo assim que o timbre da série seja o Noir animalesco. Este género não é propriamente inovador (Sokal criou-o para aí há uns 20 anos com o seu Canardo), mas a arte de Guardino é tão realista que até podemos esqueçer esse facto.

Passando a este tomo em particular, em termos de arte a coisa funciona tão bem como antes, mas a história é ambiciosa demais para as 50 páginas que o livro compreende. Ao quererem tocar em temas como o terror nuclear, a caça aos comunistas nos EUA, e até a colaboração com o nazismo, perde-se um bocado o ritmo cinemático e a emoção dos volumes anteriores. Não deixa de ser uma boa história bem contada e com ilustrações deslumbrantes, mas acho que para manterem o nível a que nos habituaram os autores teriam de prolongar um pouco mais o álbum para haver espaço para respirar e definir melhor as personagens secundárias.

Uma menção especial para a ASA, não só pelo sincronismo da edição acima referida (só é pena não o fazerem também nas restantes séries), mas também pela qualidade impecável da tradução.

13 dezembro, 2005

Disco : The Strokes - First Impressions of Earth


Quando os The Strokes lançaram Is This It? em 2001, já estavam completamente recheados do hype tradicional da imprensa (principalmente) Inglesa. Este primeiro disco misturava algum rock tradicional, com um pouco de new wave e com as guitarras distorcidas dos Velvet Underground, acrescendo ainda vocais tão distantes que até parecia que o vocalista estava mais para lá do que para cá. O sucesso seguiu e no final do ano lá estava o disco em todas as listas dos melhores do ano... inclusivé na minha! A coisa pegou e surgiram outras bandas (igualmente boas e em alguns casos melhores) como os Interpol e os Franz Ferdinand, com uma sensibilidade rock / new wave semelhante.

Infelizmente ao segundo álbum a coisa não correu lá muito bem, e a banda parecia estar basicamente a repetir o primeiro, mas sem o efeito novidade e com muito pouca energia . Julian Casablancas - o vocalista - ainda mais do que distante, parecia estar a dormir durante a gravação do disco. Pessoalmente já via a banda mais ou menos enterrada, mais uma "One Album Wonder" a ficar pelo caminho da música. Ou será que não?

Para o terceiro álbum a banda teve nitidamente em linha de conta o flop do segundo, e anunciou uma "nova direcção". Essencialmente dobraram a energia, e não se pouparam a mostrar as influências. Aliás, mostram tanto essas influências que quase que pareçe que estamos perante uma compilação de rock: You Only Live Once começa com os acordes do I Want to Break Free dos Queen e transforma-se numa versão bastante bebida e suja dos U2; Heart in a Cage parece Iggy Pop vintage; On The Other Side soa a Blondie; Vision of Division está cheio de rifs maniacos estilo Muse; Electricityscape tem qualquer coisa de Smiths; 15 Minutes é a melhor imitação de Shane McGowan que já ouvi até hoje... Curiosamente a coisa consegue manter a unidade e a identidade da banda. O resto do álbum está mais próximo da sonoridade normal da banda, com destaque muito especial para o 1º single Juicebox que é excelente e que não me faz lembrar nada que tenha ouvido até hoje (e já ouvi muita coisa), e Ask Me Anything a única música calma do disco a marcar o seu centro com beleza.

Os vocais de Casablancas, apesar de se manterem distorcidos, estão muito menos distantes, e até se atreve a cantar como deve de ser em algumas partes. A banda parece ter evoluído imenso e tocam todos em grande forma, com o destaque inevitável para a bela da guitarrada. Enfim, um daqueles discos de rock que fazem uma pessoa sentir-se bem disposta e com energia, e provavelmente o melhor disco da banda - só o tempo o confirmará. À venda a partir de 3 de Janeiro (pelo menos nos países civilizados). (4 1/2 / 5)

Site : The RIAA Prank


Descobri agora este site de um bacano chamado John Hargrave, que se entretem a fazer chamadas a gozar com a RIAA, a Apple, etc. e que depois transcreve para aqui. Parti-me a rir com isto e espero que também se divirtam...

P.S. - Do mesmo autor também há um The Credit Card Prank que é igualmente brilhante...

09 dezembro, 2005

Filme : Narnia


Confesso que ontem quando entrei na sala de cinema com as minhas filhas para ver este filme (o título completo é: As crónicas de Narnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa), estava preparado para mais uma grande seca, como quase todos os filmes produzidos pela Disney tendo os mais pequenos como público-alvo. Afinal acabei por ser tão agradavelmente surpreendido, que até estou por aqui a escrever estas linhas.

O filme baseia-se no primeiro de uma série de 7 livros de fantasia de C. S. Lewis, e conta-nos a história de quatro irmãos que durante o Blitz da 2ª grande guerra, são recambiados pela mãe para uma terrinha remota de Inglaterra para sua segurança. Pouco após a chegada à mansão que lhes passará a servir de casa descobrem, durante uma partida de escondidas, um armário que dá acesso ao mundo mágico de Narnia.

Estamos portanto em pleno território da fantasia, e as comparações com a trilogia do Senhor dos Aneís são inevitáveis. Aliás, não dúvido que o sucesso alcançado pela trilogia, tenha estado na base da decisão da Disney para criar este filme (ou filmes). No entanto a grande distinção é que este filme está nitidamente dirigido às crianças, não sendo tão assustador como o Senhor dos Aneís ou o Barry Trotter.

O filme está muito bem feitinho: os actores vão bastante bem - com destaque para Tilda Swinton que é a Bruxa do título e Georgie Henley no papel da adorável irmã mais nova Lucy; os efeitos não parecem "último grito", mas isso só ajuda a cimentar o aspecto clássico do filme; mas o que sobressaí mesmo é a história. Escrito há mais de 50 anos os irmãos são representados de forma muito realista: hesitam, erram, pensam e sentem como pessoas verdadeiras. Por outro lado o filme também revela às crianças valores "à antiga" que a maior parte dos filmes actuais não fazem. Mesmo apesar das "referências" cristãs e de algum machismo (as duas irmãs ficam fora da grande batalha na parte final do filme), confesso ter-me divertido imenso nas quase duas horas e meia de duração. Quanto à opinião do público alvo, a minha filha mais crescida (8 anos) saiu da sala de cinema a dizer que era "o melhor filme que tinha visto na vida". Sem dúvida um bom sinal... (3 1/2 / 5)

06 dezembro, 2005

dEUS voltou...


Já vai sendo com fervor quase religioso que acompanho cada visita dos dEUS a Portugal. Desculpem, esta foi tão óbvia que até me apetece chorar. E ainda há quem diga que eu escrevo bem (Olá Abílio!), descontando os habituais erros ortográficos, claro!

Este foi portanto o meu quarto concerto dos dEUS propriamente ditos, tendo também tido oportunidade de presenciar os mini-concertos acústicos que Tom Barman deu na Antena 3 e na FNAC, bem como o delicioso concerto com Guy Van Nueten no Paradise Garage. Acho que posso assim ser considerado um especialista em dEUS e criar a minha própria religião (acho que já estou a abusar).

O concerto correspondeu muito à imagem do último disco, ou seja, foi extremamente profissional (era difícil sequer imaginar os problemas de som do épico 1º concerto da Aula Magna que levou a banda a juntar-se ao público e a tocar sem amplificação), mas faltou-lhe duas coisas: um bocado mais de alma, e os restantes membros originais da banda. Esta versão dos dEUS é cada vez mais "a banda do Tom Barman" e torna-se patente a diferença no alinhamento dos temas do último álbum com os mais antigos. Falta ali qualquer coisa a nível das variações de ritmo inesperadas e estranhas a que a banda nos habituou com os seus primeiros discos, e o som é agora mais "limpo" e linear. Digamos que representa bem a diferença entre o muito bom e o genial.

Mesmo assim foi excelente. A nova banda dá o litro e toca que se farta, mesmo que os backing vocals não funcionem muito bem em algumas das músicas mais antigas. O alinhamento foi bem escolhido, apesar da passagem obrigatória de quase todos os singles da banda (pessoalmente tive muita pena que não tenham tocado Hotel Lounge e Sister Dew - para falar só dos singles), e conseguiram incluir algumas surpresas. Barman podia ter sido mais comunicativo (os concertos a solo revelaram-no um entertainer nato), ainda não foi desta que acertaram com o som (mas também já estamos habituados), mas parece-me que não houve uma única pessoa que tenha saído da Aula Magna sem um grande sorriso nos lábios. Mais uma vez ficou a promessa de voltarem cá para o ano e muito provavelmente estarei lá para o quinto concerto.

Na primeira parte tivemos os Absynthe Minded, outra banda Belga com um som muito curioso e difícil de classificar, tal a mistura de géneros. A minha Maria (Olá Maria!) gostou tanto que comprou os dois CDs da banda, não sendo assim de excluir a possibilidade de uma análise por aqui num futuro próximo.

Um agradecimento muito especial ao meu cunhado (Olá PMT!) pela utilização extensiva dessa figura de estilo da sua autoria chamada Olá coiso, e por ter feito um pouco de babysitting em conjunto com a minha cunhada (Olá Fi!).

02 dezembro, 2005

Site : Digg

Durante muitos anos, o slashdot era o site por excelência para quem queria estar a par das últimas notícias de tecnologia e ciência. Com o lema "News for nerds, stuff that matters", sempre esteve livre dos compromissos comerciais dos restantes media, e raro era o dia em que não havia pelo menos uma história de interesse para ler.

Na mesma linha aparece agora este Digg, mas com uma grande diferença: são os próprios leitores que submetem as histórias e posteriormente indicam se um dado post merece destaque ou não (uma espécie de blog totalmente democrático). Só na edição de hoje tive que dar destaque a três histórias: a RIAA (Recording Industry Association of America) processou uma senhora por distribuição ilegal de ficheiros, quando nem sequer tem computador (LOL!); uma crítica ao Firefox 1.5 (por um fanático de Opera, mas mesmo assim interessante) que (noutra história) já teve dois milhões de DLs em 2 dias; depois de rumores de inúmeros crashes na XBox 360, a Microsoft admite que 3% das máquinas colocadas à venda têm defeito (e acham os números bons).

Resumindo: mais um site para os techies adicionarem aos favoritos e visitarem religiosamente todos os dias (e viva a perda de tempo).